terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Quais as chances de Jesus?

Longe dos embrulhos de presente, das bolas coloridas na árvore e do clima natalino, penso no filho de Deus, que deu origem à sagrada comemoração do Natal. Há 2015 anos, ele foi incompreendido, tido como blasfemo, fraude e uma ameaça ao poder da época. Nada fez para merecer os rótulos que o levaram ao martírio extremo e à crucificação. Tudo fez para tornar o mundo melhor. Era humilde, bondoso, pregava a paz e o amor ao próximo. Exatamente por suas qualidades e dons divinos, foi assassinado pela humanidade.

E nós? A humanidade dos dias de hoje. O que faríamos ao filho de Deus? Começa pela fé. Acreditaríamos Nele? Ou acharíamos que se tratava de mais um charlatão – entre os tantos existentes, querendo se aproveitar da boa vontade do povo? Mais ainda. Num mundo atolado em mazelas, com cada um buscando a brasa só para a própria sardinha, como reagiríamos a alguém que pregasse o absoluto desapego não só ao dinheiro e a outros bens materiais, mas também à qualquer cobrança emocional? 

Como lidaríamos com um ser que desprezasse a riqueza, fosse incorruptível, despido de vaidades e não quisesse o famigerado poder? Ao contrário, que vivesse e dissesse que todos somos iguais, devendo nos amar uns aos outros? Pensaríamos tratar-se de um político demagogo? A mídia buscaria escarafunchar sua vida para tentar achar algo podre? Os denuncistas de plantão se apressariam em arrumar-lhe falhas de caráter, de conduta, de princípios? Seria tachado de esquerda radical ou de extrema direita? Cobraríamos que se posicionasse a favor ou contra o impeachment da presidente? Exigiríamos que entoasse um “fora Cunha”?

Até que ponto seríamos diferentes daqueles que o crucificaram? Teríamos nós a grandeza espiritual de ouvir o filho de Deus antes de sair acusando-o de algum falso malfeito ou de ser uma ameaça à ordem social? A humanidade se recusou a ouvi-lo há 2015 anos. Saberíamos fazê-lo hoje? Se Ele fosse empurrado para o banco dos réus, iríamos às ruas para atestar sua inocência e exigir sua liberdade? Ou, repetiríamos os erros do passado, preferindo poupar qualquer Barrabás em vez de Jesus?

Ao fazer essas questões, invoco uma reflexão sobre tudo o que o filho Deus representa, principalmente para os que, como eu, Nele acreditam. Apenas por um instante, removam da mente os presentes e as delícias da ceia. Pensemos no ser que veio para mudar o mundo. E mudou. Graças à nobreza da sua alma e à verdade das suas lições. Apesar das grotescas falhas humanas. Apesar das imensas fraquezas da civilização. Apesar de tudo... “Quais as chances de Jesus nos dias de hoje?”, pergunto. E respondo que Ele não precisa. Já nos mostrou o significado de amor, deu-nos a esperança do renascimento e a certeza de que o Pai olha por nós. Precisamos aproveitar a chance de aceitar – e praticar – o que Ele ensinou. Então, despidos de ambições, usemos a oportunidade de sermos melhores. De sermos mais fraternos. De sermos também filhos de Deus. E brindemos o aniversário do Mestre, trazendo para todos os dias o significado do seu nascimento e vida. Viva Jesus! Feliz Natal!

Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)

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