quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Mapeamento inédito

"No ano passado, o segmento movimentou mais de
R$ 10 bilhões e garantiu 190 mil empregos diretos"
É sabido que a informação é um dos bens mais preciosos da humanidade. Até agora, o Brasil não tinha uma radiografia da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais. Parece bobagem? Não é. Em especial, para a Nação que tem na agricultura o principal sustentáculo do seu PIB. O mapeamento inédito mostrou que, no ano passado, o segmento movimentou mais de R$ 10 bilhões e garantiu 190 mil empregos diretos, investindo R$ 2,8 bilhões em salários, além de gerar R$ 2,5 bilhões em impostos.

Os dados constam do estudo desenvolvido pela Fundace/USP (Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia da Universidade de São Paulo). Foi financiado por meio de emenda parlamentar ao Orçamento da União, no valor de R$ 200 mil – via Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –, que apresentei, enquanto deputado federal, em atenção às solicitações da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo) e da Cooperativa Veiling Holambra. 

O levantamento tem o condão de subsidiar ações para dinamizar a estrutura produtiva, principalmente por meio de cooperativas, ampliar o consumo interno e incentivar as exportações que são o destino de apenas 1% do que é cultivado. Por incrível que pareça, a balança comercial é negativa: importamos R$ 83 milhões em 2014 e vendemos só R$ 55 milhões no exterior. As informações são preciosas para o planejamento e execução de ações voltadas a aprimorar a atuação de todos os elos da corrente e atender com eficácia quem compra os produtos.

Para nossa Cidade de Mogi das Cruzes, que é líder brasileira na produção de espécies como orquídeas, o estudo tem especial valor. Ajuda os produtores a responderem, com propriedade e eficiência, as demandas do consumidor, melhorando seus resultados. O PIB da cadeia de flores no Brasil foi de R$ 4,5 bilhões no ano passado. 

A escassez generalizada de informações sobre as cadeias produtivas é um dos principais entraves para o fortalecimento do setor. As correntes de olerícolas (verduras, legumes, tubérculos e bulbos), champignon, mel e derivados e de outros itens destinados ao abastecimento do mercado interno também terão de passar por mapeamento completo. Um dos maiores desafios a serem vencidos é a sistematização dos dados para apurar o diagnóstico e, então, trabalhar nas soluções.

A primeira radiografia da cadeia produtiva e do mercado consumidor de flores e plantas ornamentais provou que o setor tem potencial para se consolidar como um dos grandes segmentos nacionais e se tornar um forte exportador. Mais que isso. O mapeamento orienta a formulação de políticas públicas direcionadas ao segmento. Ocesp, Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) e a Câmara Setorial já trabalham na implementação de uma agenda estratégica para combater os gargalos identificados.

Organizado pelo professor da Faculdade de Engenharia e Administração da USP Marcos Fava Neves, o estudo indiciou as dez principais necessidades. Destacam-se transporte e armazenagem mais adequados, com a modernização das Ceasas (Centrais de Abastecimento), a formação de profissionais especializados no segmento e a melhoria de fiscalização e controle para evitar a entrada de pragas e doenças no País, além do acesso a financiamentos e o imprescindível aumento do consumo interno.

Cada brasileiro gasta US$ 9 dólares por ano em flores e plantas ornamentais. Na Suíça, o gasto per capita anual é de US$ 174; na Noruega, US$ 164; na Áustria, US$ 109; na Holanda, US$ 80; nos Estados Unidos, US$ 58; Japão, US$ 45; e Inglaterra, US$ 30. Até o argentino compra mais que o brasileiro: US$ 25 por ano. O baixo do consumo desses itens não é de hoje, por causa da recessão econômica. É histórico. E é uma situação que se repete com as hortaliças e frutas. Constrói mais um indicador de que algo precisa ser azeitado nas cadeias produtivas. 

Todos os dados do Mapeamento e Quantificação da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil em 2014 estão no livro, disponível para acesso gratuito. Nele, recebo honrosas menções, como a do presidente da Ocesp, Edvaldo Del Grande: “Não podemos deixar de agradecer ao deputado federal Junji Abe, cooperativista da região de Mogi das Cruzes que, apoiado pela Ocesp, conseguiu recursos do Ministério da Agricultura para viabilizar tal estudo”. 

A significativa gratidão ao trabalho das organizações envolvidas virá da sociedade brasileira, quando brotarem os frutos dessa radiografia. Afinal, o crescimento do agronegócio tem impacto positivo direto sobre o bem-estar social. Com a expansão do setor, ganha toda cadeia produtiva, inclusive o consumidor que ganha em qualidade e preços. Ganha a economia brasileira em aumento de receita; ganha a população em empregos, renda e mais investimentos públicos em setores essenciais, como educação, saúde e transportes.

Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)

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