sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Pelejas do ensino médio

Junji é sub-relator do Estado de São Paulo na comissão especial da Câmara dos Deputados, que estuda a reformulação do ensino médio
Cinco em cada dez alunos brasileiros não concluem o ensino básico. A coisa fica bem pior no ensino médio, vitimado por um vírus detectado no Pará, mas que se alastra por todo o País. A chamada “onda paraense” decorre do fato de que 70% dos estudantes do nível médio abandonam a escola sem terminar os estudos. Não bastasse, só cerca de 3% dos formandos do estado deixam os bancos escolares com domínio aceitável de disciplinas, como a matemática. 


A situação acaba criando um “exército de excluídos”. Desmotivados para os estudos e sem perspectivas de vida, os jovens ficam propensos a buscar nas drogas e na marginalidade aquilo que não conquistaram pelos canais da educação formal. É um quadro cruel que agrava nossa preocupação. 

Como sub-relator do Estado de São Paulo na comissão especial da Câmara dos Deputados, que estuda a reformulação do ensino médio, temos participado assiduamente dos debates para a busca de soluções. É uma missão árdua no sentido de alcançar um objetivo simples, porém, decisivo para o desenvolvimento do País. Nas palavras da professora Wanda Engel, representante do Movimento Todos pela Educação, repito: “É preciso que os alunos entrem na escola, permaneçam, completem os estudos e aprendam com nível de competência para o mercado de trabalho e para a vida”. 

Desnecessário lembrar que o apagão da mão de obra qualificada já é realidade. Na China, o índice de evasão escolar é inferior a 10%. Aqui, ultrapassamos 70%. Pior: falta qualidade na formação de quem termina os estudos. Se nada for feito com celeridade, estaremos enterrando o capital humano da Nação e, junto com ele, o capital social. 

Há duas carências básicas: uma é a de número de educadores e a outra é de nível de formação dos profissionais de ensino. Em geral, não se formam professores capacitados sob os aspectos de conteúdo, de metodologia de dar aulas e de habilidades gerais para o ofício. Ao mesmo tempo, há cada vez menos interessados em seguir carreira no Magistério. 

O resgate da nobreza da arte de ensinar não ocorrerá com poesia. É preciso valorizar os educadores, com salários dignos, plano de carreira adequado, escolas estruturadas e bem equipadas, enfim, com o respeito que a categoria merece, além de ampla participação das associações de pais e mestres porque a educação só se completa com a formação recebida no lar. 

O desafio da comissão especial é apresentar uma proposta de alteração na legislação atual sobre o ensino médio, com a reformulação do currículo e outras providências. A participação da sociedade também é fundamental e toda colaboração é muito bem-vinda.


Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP

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