quinta-feira, 21 de abril de 2011

Domingo de Páscoa



Meus filhos já são crescidos, mas tenho três netos pequenos que, com certeza, aguardam ansiosos o Domingo de Páscoa. Quem tem crianças na família sabe da expectativa em torno dos ovos de chocolate, trazidos pelos coelhinhos felpudos – leiam-se pais e avós. O apelo comercial é pesado. Começa semanas antes em tudo que é mídia. A meninada fica ouriçada, cobiçando as doces delícias, cada vez mais atraentes aos olhos dos pequeninos. E de muitos marmanjos também.

Para a economia de mercado, é formidável. Aquece a indústria e movimenta o comércio. Para o bolso dos coelhinhos felpudos, nem tanto. Haja pai de família fazendo das tripas coração para adoçar os pequenos na Páscoa.

Com todo respeito ao chamariz comercial da data e aos olhinhos brilhantes da criançada, peço uma pausa para falar do real significado da Páscoa.

Longe das maravilhas do cacau, o Domingo de Páscoa marca a ressurreição de Jesus Cristo. É a festa do renascimento Daquele que deu a vida para derramar o perdão divino sobre o nosso mundo de mortais pecadores.

Então, antes de saborear a tradicional bacalhoada ou uma deliciosa sardinha nesta Sexta-Feira Santa, vamos refletir um pouco sobre o sofrimento de Jesus. Visto como ameaça pelos poderosos, Ele foi crucificado por ser diferente. Por ser um líder imbatível, porque pregava o amor incondicional. Amor a Deus, aos pais, aos filhos, aos amigos, aos companheiros, aos desconhecidos, aos inimigos.

A Sexta-Feira da Paixão deve nos inspirar a refletir. E mais que isso. Deve nos conduzir à reconciliação. Com aqueles a quem magoamos, com aqueles que nos magoaram. É um dia para o perdão. Na cruz, à beira da morte física, Jesus elevou o pensamento ao Pai e pediu que Deus perdoasse seus algozes. Quem somos nós para negar perdão? Ou para não pedir perdão?

Lembro-me de Judas, o traidor que vendeu o Mestre. A criançada faz a farra no Sábado de Aleluia, faturando balas com um boneco de pano – surrado aos montes e, às vezes, com a identidade de alguém visto como vilão. Brincadeira à parte, porque a vingança jamais seria um ensinamento de Jesus, vamos, nós também, malhar os ‘Judas’ das nossas almas. Vamos expulsar a pauladas todo e qualquer sentimento ruim que habite em nossos corações. Vamos fazer uma faxina interior e tirar de nós tudo o que seja contrário à bondade, paz, solidariedade e ao amor.

Aí, sim, no Domingo de Páscoa, estaremos preparados para celebrar a ressurreição de Jesus. Com ou sem ovos de chocolate, tanto faz. O fundamental é acalentar nossas almas com o mais puro sentimento de felicidade. Jesus está vivo em nós. E que Ele renasça, a cada dia, em nossos corações, fazendo-nos praticar as lições que ensinou. É com este profundo e sincero desejo que envio a vocês meus votos de Feliz Páscoa!



Junji Abe é deputado federal - DEM