quinta-feira, 1 de abril de 2010

O vampiro MST: crime anunciado

A exemplo de tantos cidadãos de bem, condeno toda e qualquer forma de violência, sou defensor dos movimentos sociais legítimos, solidário com gente trabalhadora que sofre com o desemprego, combatente da desigual distribuição de renda e partidário incondicional do desenvolvimento com justiça social e prudência ambiental. Como a maioria dos mortais, entendo que nada justifica ações criminosas.

Baseado nesses princípios, não posso admitir, calado, as ocorrências que prometem povoar este mês com flagrantes violações dos direitos do cidadão comum, amparadas no universo de ilusões criadas para o povo miserável, desinformado e faminto. De um lado, a conduta do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que alardeia a realização de mais uma série de invasões de propriedades com apelo de marketing intitulado “abril vermelho”. De outro, a estarrecedora omissão das autoridades para o fato que, na minha humilde interpretação, é um crime anunciado.

O que seria do mundo se todos os carentes fossem praticar crimes para satisfazer suas necessidades? Seria uma bandalheira generalizada. Nem é preciso ir tão longe. Um pai de família desempregado que anunciasse o furto de leite para matar a fome dos filhos teria das autoridades a mesma condescendência dada ao MST? Óbvio que não. Estaria no xilindró antes de pensar em sair de casa. Invadir propriedade alheia é apropriar-se do patrimônio de outro. Logo, é tão criminoso quanto furtar.


A pergunta que se faz às autoridades é por quê o MST pode cometer crimes anunciados e sair impune?


O discurso de que se trata de um movimento social dos oprimidos contra os ricos fazendeiros improdutivos já ficou oco há tempos. Até porque, não justifica a maciça destruição de plantações, máquinas e outros bens das terras invadidas. E, claro, se fossem improdutivas, não teriam áreas plantadas. Mais que isso: mesmo que estivessem nuas, conforme a Constituição, ninguém teria o direito de invadi-las.


Há quem pergunte: e os fracos e oprimidos? Sim, pobre daqueles que se fiaram em ilusões vendidas pelo MST. A causa dos sem-terra pouco importa às lideranças da entidade e de suas coligadas que mamam fartamente em tetas públicas, nutrem múltiplos interesses próprios e nenhum objetivo social. São vampiros que sugam a fé de gente pobre e verbas do Poder Público.


A farsa do MST sobrevive com a exploração de famílias pobres, que são transformadas em massa de manobra em prol de negociações obtusas, e bem privadas, junto ao governo federal. Felizmente, a letargia que consome as autoridades ante às práticas criminosas do MST não contaminou a Imprensa. A Revista Veja escancarou os espúrios canais de abastecimento dos cofres da organização: http://veja.abril.com.br/020909/por-dentro-cofre-mst-p-64.shtml


Há de se dizer ainda do vácuo no conteúdo da reforma agrária que o suposto Movimento defende. Não existe adubo milagroso que produza lavoura rentável a partir da junção de um pedaço de terra com uma família de boa vontade. Sem vocação agrícola, conhecimento, assistência técnica e nem recursos para insumos e meios de comercialização, os resultados do plantio sequer garantem o sustento dessa gente. Principalmente, num mercado cada vez mais competitivo como o agronegócio. Numa comparação grosseira, seria como mandar um operário negociar ações na bolsa de valores.


Portanto, entregar um naco de terra a cada família pobre não será a solução para a miséria. Sem um conjunto de medidas que incluam adequado apoio aos futuros produtores, a simples distribuição de áreas é inócua. Tão estúpida quanto destruir árvores frutíferas, que levaram anos para alcançar o ápice de produção, para plantar meia dúzia de mudas de feijão.
Isto não é reforma agrária. É bandalheira institucional.


Com essa cegueira crônica, a liderança do MST fala de reforma agrária. Entende tanto de agricultura que deve pensar que alface dá em árvore. Conheço bem os pseudo-defensores dos sem-terra. Ao longo de dez anos de atuação como deputado estadual, presidi a Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia Legislativa de São Paulo. Já naquela época os argumentos eram pífios, em contraste com o volume de invasões – em número e nível de violência. A diferença é que os agressores eram menos endinheirados.


Lembro-me, como se fosse hoje, das propriedades invadidas que visitei em regiões como a do Pontal do Paranapanema. Uma delas, de médio porte, a ação do MST transformara em cenário de guerra. Os invasores mataram o gado, queimaram celeiros e pastos, destruíram plantações de milho e fulminaram matrizes reprodutoras para melhoramento genético da pecuária de leite. Em poucas horas, dizimaram o trabalho de três gerações da família proprietária. Junto com ele, devastaram o sustento da família, o ganho-pão de dezenas de trabalhadores rurais e o futuro de uma propriedade, até então, extremamente produtiva. Restou ao proprietário pagar caro a advogados para mover uma ação de reintegração de posse e, por fim, abandonar o campo. O mérito do MST foi o de gerar mais sem-terra.


Atualmente, o MST está com os cofres cheios para multiplicar estragos no Brasil inteiro. Além de anunciar invasões, apresenta plano de metas: superar os números da jornada de 2009, quando comandou 29 invasões de terra. E avisa que, apesar de 2010 ser ano eleitoral, não haverá trégua em razão do descontentamento com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST no Congresso; as denúncias do Tribunal de Contas União (TCU) sobre irregularidades no repasse de verbas públicas para organizações ligadas aos sem-terra; os pronunciamentos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticando as invasões; a ação das Polícias Militares nos Estados; e até com a mídia.


Pior é saber que as ações criminosas são patrocinadas pelo governo federal. Em outras palavras, o nosso dinheiro é usado para bancar a desumana fábrica de ilusões mantida pela organização, produzir invasores profissionais e engordar as contas bancárias de líderes pulhas. Até quando?

Junji Abe (DEM) é ex-prefeito de Mogi das Cruzes

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